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Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Igatu / Chapada Diamantina-Ba, 2016.
Espigueiros. Portugal, 2017.
Espigueiros. Portugal, 2017.

Quilombos

ISBN ou ISSN: 

978-9929-778-74-0

Autor(es): 

Carol Cordeiro, Raphael Brandão, Douglas Brandão, Luciane Durante, Ivan Callejas e Emelli da Guarda

Referência bibliográfica: 

CORDEIRO, C. C. M.; BRANDÃO, R. P.; BRANDÃO, D. Q.; DURANTE, L. C.; CALLEJAS, I. J. A.; GUARDA, E. L. A. Taipa de mão em Barra do Bugres, Brasil: aspectos culturais e construtivos em habitação remanescente de quilombo. In: Seminário Iberoamericano de Arquitectura y Construcción con Tierra, 18, 2018, La Antigua Guatemala, Guatemala. Anais... La Antigua Guatemala: USAC-CII / PROTERRA, 2018, p. 488 – 496.

Eixos de análise abordados: 
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra: 

Carol Cardoso Moura Cordeiro graduou-se em Engenharia Civil pela Universidade do Estado da Bahia e fez especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Federal do Mato Grosso. É Mestra em Engenharia de Edificações e Ambiental pela UFMT e integrante do Grupo Multidisciplinar de Estudos de Habitação. Atualmente realiza pesquisa voltada para construções vernáculas, meio ambiente e empreendimentos de interesse social.
Informações disponíveis: https://www.escavador.com/sobre/277741753/carol-cardoso-moura-cordeiro
 
Raphael Pinto Brandão é graduando em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Mato Grosso. Atualmente é pesquisador voluntário (VIC) do Laboratório de Tecnologia e Conforto Ambiental (LATECA) da UFMT.
Informações disponíveis: https://www.escavador.com/sobre/8532067/raphael-pinto-brandao
 
Douglas Queiroz Brandão graduou-se em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Mato Grosso em 1986. Possui mestrado em Engenharia Civil (1997) e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003). Atualmente é Professor Associado da Universidade Federal de Mato Grosso, ministrando disciplinas da área de Construção Civil para os cursos de Engenharia Civil (Graduação) e Engenharia de Edificações e Ambiental (Mestrado).
Informações disponíveis: https://www.escavador.com/sobre/393193/douglas-queiroz-brandao
 
Luciane Cleonice Durante possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Mato Grosso, em 1993, especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho (1994), mestrado em Educação pelo Instituto de Educação (2000) e doutorado em Física Ambiental pela UFMT (2012). Atualmente é Professora Adjunta IV do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia da UFMT, docente do Programa de Pós-Graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para Inovação (PROFNIT), Coordenadora do Laboratório de Tecnologia e Conforto Ambiental (LATECA) do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da FAET/UFMT, Vice Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Tecnologia e Arquitetura Ambiental (GPTAA) e membro do Grupo de Pesquisa em Dinâmica Ambiental e Tecnologia (GPDAT). 
Informações disponíveis: http://lattes.cnpq.br/3288386869580332
 
Ivan Júlio Apolônio Callejas é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Mato Grosso, em 1995. É mestre em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Campinas (1998) e doutor pelo programa de pós-graduação em Física Ambiental na área de conforto ambiental da UFMT (2012). Atualmente é professor Associado I da UFMT, atuando no Departamento de Arquitetura e Urbanismo e no Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental (PPGEEA). Atua também como colaborador do curso de Mestrado Profissional em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para Inovação (PROFNIT). 
Informações disponíveis: https://www.escavador.com/sobre/3955988/ivan-julio-apolonio-callejas
 
Emeli Lalesca Aparecida da Guarda é graduada em Arquitetura e Urbanismo, em 2017, na Universidade de Cuiabá, mestre em Engenharia de Edificações e Ambiental (2019) na Universidade Federal de Mato Grosso e doutoranda em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente, participa de pesquisas do Laboratório de Tecnologia e Conforto Ambiental (LATECA) da UFMT e da Universidade de Brasília. Além de atuar como pesquisadora de doutorado no Laboratório de Conforto Ambiental (Labcon/UFSC). 
Informações disponíveis: https://www.escavador.com/sobre/224538590/emeli-lalesca-aparecida-da-guarda
 

Sumário obra: 

Não se aplica.

Resumo : 

O artigo apresenta um estudo sobre o uso da taipa de mão em uma habitação remanescente de quilombo no município de Barra do Bugres, no Mato Grosso. Com o Movimento Bandeirista, os portugueses levaram as técnicas com terra para as construções no interior do Brasil. Em Barra do Bugres, segundo os autores, o uso da taipa de mão retrata um conhecimento empírico, passado entre as gerações, além de ser uma técnica que possibilita a autoconstrução, a integração entre as pessoas durante a execução e, principalmente, por ser realizada com materiais autóctones têm um baixo custo. Na zona rural do município em estudo localiza-se o Território Quilombola Vão Grande composto por cinco comunidades: Baixio, Camarinha, Morro Redondo, Vaca Morta e Retiro. A habitação em estudo, construída em 1970, encontra-se em Morro Redondo. A partir da observação in loco e entrevista com o morador mais velho da residência foram obtidas algumas análises sobre a edificação em taipa de mão e madeira. Um dos primeiros aspectos observados foi à presença de um altar católico na sala, que, segundo o morador, foi uma tradição apreendida dos antepassados e replicada por todos da comunidade como forma de proteção à família. Em relação à espacialidade, a casa é composta por três blocos separados, sendo que o primeiro abriga a sala e os quartos; o segundo a cozinha e a despensa e o terceiro, o banheiro construído recentemente e localizado mais distante dos outros blocos. A taipa de mão está presente nos dois primeiros que têm a estrutura feita com troncos de árvores nativas, apresentando os pilares enterrados, paredes de vedação formadas por entramados de madeira amarrados com cipó e recobertos com a terra local acrescida de casca de feijão para aumentar a resistência. Além da cobertura em palha, que, conforme a tradição foi retirada ainda verde durante a lua minguante pelo proprietário. O piso é feito da própria terra e está acima do nível do terreno para evitar entrada de água. Já o bloco do banheiro foi construído com tábuas de madeira e telhas de fibrocimento, porém é composto apenas pelo chuveiro. Esse aspecto afeta a sustentabilidade da habitação, pois, apesar de a construção não gerar resíduos e utilizar materiais autóctones, todos os dejetos produzidos pelos moradores são eliminados diretos na natureza, reflexo também da falta de saneamento básico na região. Em relação ao conforto ambiental, foi observado que a sensação térmica interna permaneceu menor que a externa, em função da terra das paredes que retém a umidade, dos grandes beirais que protegem as paredes do sol e da cobertura em palha que permite a passagem do ar e funciona como isolante térmico. Apesar das poucas esquadrias, outras técnicas para ventilação cruzada são utilizadas, como o entramado da parede não ser preenchido com terra até o topo e as aberturas serem em paredes opostas. Na cozinha, algumas paredes são compostas apenas de madeiras verticais, permitindo frestas para liberação da fumaça. Em relação à estética da casa, o morador tem interesse em colocar materiais de acabamento, pois prefere melhorá-la e ampliá-la do que morar em uma casa de alvenaria que afirma ser desconfortável. Os autores reafirmam que a taipa de mão tem um significado cultural nessa região. As construções têm um viés sustentável por conta dos materiais utilizados, mas a falta de saneamento básico é um fator crítico. Além disso, a taipa de mão foi considerada adequada ao clima da região, mas algumas adaptações, como acabamento interno e externo e a adequação aos critérios de habitabilidade poderiam contribuir para a manutenção da tradição local.

Data do Preeenchimento: 
segunda-feira, 2 Setembro, 2019 - 08:45
Pesquisador Responsável: 

Melissa Torres de Amorim

Data da revisão: 
terça-feira, 26 Novembro, 2019 - 08:45
Responsável pela Revisão: 

Márcia Sant’Anna

ISBN ou ISSN: 

ISBN: 9788539703531

Autor(es): 

Günter Weimer

Onde encontrar: 

Acervo pessoal da Professora Mariely Santana do Grupo de pesquisa ARQPOP-UFBA.
 

Referência bibliográfica: 

WEIMER, Günter. Inter-Relações Afro-Brasileiras na Arquitetura. Porto Alegre, Rio Grande do Sul: EDIPUCRS, 2014.
 

Eixos de análise abordados: 
Território e etnicidade
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Dados sobre o autor(es) e obra: 

Günter Weimer possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1963), mestrado em história pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1981) e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de São Paulo (1990). Tem experiência na área de arquitetura popular, história da arquitetura, imigração alemã, açorianos no Brasil e Rio Grande do Sul. Atualmente é professor convidado do Programa de Pós-graduação em Urbanismo (PROPUR) da Faculdade de Arquitetura da UFRGS.
Informações disponíveis: https://www.escavador.com/sobre/1297212/gunter-weimer
 

Sumário obra: 

Apresentação
Prefácio
CAPÍTULO 1 – A Arquitetura Africana
CAPÍTULO 2 – A arquitetura africana no Brasil
CAPÍTULO 3 – Arquitetura brasileira na África
Posfácio
Referências
Anexo 1
Anexo 2
Obras do Autor
 

Resumo : 

A obra é dividida em três capítulos: o primeiro retrata as tipologias habitacionais africanas, o segundo aborda a influência africana na arquitetura brasileira e o terceiro focaliza o retorno dos escravos à África e os efeitos da influência brasileira nas tipologias africanas. No segundo capítulo, que será explorado nesta ficha, inicia-se com uma narrativa sobre a chegada dos africanos ao Brasil e o autor apresenta os quilombos como uma referência de arquitetura popular. Uma tipologia habitada, majoritariamente, pela população negra, que se assemelhava às aldeias africanas, porém com novas concepções arquitetônicas e urbanísticas. No Brasil, o quilombo era visto como abrigo distante de negros fugitivos, reafirmando uma visão escravocrata sobre esse tipo de arquitetura. Apesar dos poucos registros, foram identificados dois quilombos em Rio de Contas, na Bahia, que teriam surgido no século 16 e permanecem até os dias atuais. Já o quilombo dos Palmares, segundo o autor, não seria uma aldeia, pois tinha uma grande extensão territorial e funcionava como uma federação. A partir das análises feitas pelo autor é possível observar características comuns entre os quilombos brasileiros e as aldeias africanas, como a presença de vários acessos, em que alguns eram falsos e cheios de armadilhas, enquanto a entrada principal seria de conhecimento apenas dos nativos. Além disso, a presença de uma grande barreira ao redor do quilombo, de uma horta e da casa de ferreiro, que significaria uma provável produção das próprias armas. E semelhanças também em relação à materialidade das construções, provavelmente, feitas em pau a pique, sem revestimento e com cobertura vegetal. Mas o autor, a partir de iconografia, observou uma diferença entre o quilombo do Brasil, que apresentava uma forma geometrizada e ortogonal e a distribuição das aldeias africanas, que eram menos regulares. O autor baseia essas conclusões na análise dos quilombos do Buraco do Tatu, em Salvador, de São Gonçalo, em Minas Gerais e de Iguaçu, no Rio de Janeiro. Segundo Amantino, autor citado por Weimer, os quilombos brasileiros poderiam ser divididos em autossuficientes e dependentes, em que o primeiro tipo não dependia de trocas com a sociedade, por isso, não tinham muita influência brasileira, sendo suas construções e produções de origem totalmente africana. Já no segundo tipo, os habitantes viviam de roubos e assaltos à cidade e sem local fixo. Além disso, são feitas considerações sobre as senzalas brasileiras originárias das sanzalas africanas. As senzalas brasileiras foram incorporadas às fazendas e engenhos de cana de açúcar, porém, o fato de os registros mais convincentes sobre essa tipologia serem do século 18, as considerações de Weimer são suposições baseadas em relatos de viajantes. Ademais a precariedade dessas construções não permitiu que resistissem ao tempo. Algumas características observadas foram o fato da casa ser construída de barro, visto que a taipa de mão era uma técnica africana, sem janelas, coberta de palha e sem mobiliário. Com o tempo, as senzalas começaram a ser construídas mais próximas à casa grande, o posicionamento dos prédios formava um pátio comunitário que funcionava como área de interação, com os fogões fora, o que seria uma referência africana. Weimer também destaca que nas senzalas existiam aberturas entre a parede e o teto para entrada da iluminação e da ventilação, uma técnica construtiva africana adaptada ao clima quente, pois elas receberiam ventilação em todos os sentidos independentemente do seu posicionamento. Outra tipologia habitada e construída pelos negros foi à casa isolada, localizada no terreno dos senhores que davam permissão para sua construção aos escravos considerados “bem comportados”. As técnicas africanas estavam muito presentes nessa tipologia, como a queima das extremidades das peças de madeira, que formavam os pilares, para retardar o apodrecimento quando fossem enterradas, além da trama da parede revestida de barro, a amarração da estrutura com cipós e o pilar central mais elevado permitindo um telhado de duas águas. O que mais se distinguia da origem africana e se assemelhava à cultura dos portugueses, eram as casas com a presença de janelas e de cobertura com telhas, tornando-as um híbrido. Para os africanos, a falta de janelas e portas nas casas seria uma das formas de evitar a entrada de maus espíritos, nesses casos, as casas tinham telhado de duas águas com o frontão recuado para que ocorresse ventilação cruzada. O autor ressalta os poucos registros da arquitetura pós-escravatura, mas observa a permanência do uso da taipa, pequenas aberturas e cobertura vegetal em algumas construções da década de 1920. Weimer também afirma que algumas tipologias africanas ainda permanecem, como os mocambos, de cumeeira com duas ou quatro águas, em sua maioria no nordeste brasileiro. Porém sofreram algumas variações, como o surgimento de uma parede transversal, dividindo os espaços em sala e dormitório à frente e cozinha e comedor ao fundo. Além de variações em relação ao número e tamanho das portas e janelas. O uso da cobertura vegetal foi substituído pelas telhas cerâmicas e a existência de espaços privativos no fundo das casas variava conforme a família, com o uso de cercas vivas ou a formação de um quintal. O autor também explica como se deu a permanência do kraal pós-escravatura, que seria o conjunto de construções isoladas entre si que abrigavam uma família. Nesse local, as casas tinham bastante relação com o ambiente, muitas utilizavam cercas vivas no entorno, mantinham a parte central do terreno livre, onde se localizaria o fogão, uma tradição africana que foi mantida. Atualmente, o que se tem são quilombos compostos por vários kraals. Além disso, são feitas considerações sobre as moradias em meio urbano, pois com o crescimento das cidades, os mocambos que se encontravam no centro foram sendo realocados para áreas mais distantes, em regiões sem condições de moradia. Segundo Weimer, o modelo de urbanização nas áreas marginais das cidades brasileiras se assemelha ao que ocorreu nas cidades africanas, como a formação de grandes quarteirões contornados por largas avenidas que dão origem as ruas de acesso local. Foram analisados modelos de Salvador, do Rio de Janeiro, de Porto Alegre e de Recife. O autor conclui com considerações em relação aos bairros sobre palafitas, relacionando essa tipologia com uma utilizada em regiões da África. Além de apresentar as dificuldades do governo em aceitar às diversidades culturais e tipológicas do país, desde o tempo dos quilombos.

 

Data do Preeenchimento: 
terça-feira, 10 Setembro, 2019 - 15:00
Pesquisador Responsável: 

Melissa Torres de Amorim

Data da revisão: 
segunda-feira, 21 Outubro, 2019 - 15:00
Responsável pela Revisão: 

Márcia Sant'Anna

ISBN ou ISSN: 

Não consta.

Autor(es): 

Marco Aurélio A. de Filgueiras Gomes

Onde encontrar: 

Biblioteca da Faculdade de Arquitetura da UFBA

Referência bibliográfica: 

GOMES, Marco Aurélio A. de Filgueiras. Escravismo e Cidade: notas sobre a ocupação da periferia de Salvador no século XIX. RUA. Revista de Arquitetura e Urbanismo, Salvador, v. 3, n.4/5, p. 7-17, 1990.

Eixos de análise abordados: 
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra: 

Marco Aurélio A. de Filgueiras Gomes possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília, doutorado em Ciências Sociais pela Université de Tours e pós-doutorado pela New York University. É Professor Titular da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, onde leciona desde 1986 nos cursos de graduação e pós-graduação. Atua nas linhas de pesquisa História da Cidade e do Urbanismo e Processos Urbanos Contemporâneos. Criou a Revista RUA (FAUFBA); foi editor da Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais (publicada pela ANPUR), entre 2001 e 2004. Foi membro da diretoria da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional- ANPUR nos biênios 2005/2007 e 1991/1993. Seus principais temas de pesquisa são história do urbanismo no Brasil e América Latina; circulação de ideias no meio profissional; história e cultura na cidade contemporânea; e relação entre megaeventos e reestruturação urbana.

Informações obtidas em: http://lattes.cnpq.br/3124354013043890

Sumário obra: 

Não se aplica.

Resumo : 

O trabalho trata da relação entre as transformações da escravidão urbana e sua relação com a ocupação da periferia de Salvador, antes cercada por quilombos e roças de libertos, e, a partir do final do século XIX, por terreiros de candomblé. No começo do séculoc XIX, a cidade dependia dos escravos para transporte de pessoas, transporte de mercadorias, abastecimento de água, retirada de dejetos, abastecimento alimentar, limpeza urbana, iluminação pública e operação interna das moradias. A cidade apresentava formas específicas de trabalho do escravo - o ganho e o aluguel - distintas do trabalho escravo no campo. Para o escravo urbano, a senzala desaparece como forma de moradia. Serão barracos na periferia, cortiços, porões e “lojas”, andares térreos ou subsolos de antigos sobrados, os espaços usados como alojamento de escravos e moradias para os mais pobres. A cidade aparecia como lugar propício para sua fuga, para maior liberdade nas relações interpessoais, incluindo as afetivas, e para sua alforria. A partir da metade do século XIX, haverá mudanças profundas no sistema escravagista, com o recuo do escravagismo na cidade. O resultado foi a ocupação intensiva de brechas na área central da cidade, com subdivisão de antigos casarões, ocupação de lojas e de quartos nos fundos dos imóveis nas freguesias centrais – Santana, São Pedro, Pilar e Conceição. Para estes moradores, estar no centro era importante, ligados que estavam ao pequeno comércio e à prestação de serviços, o que foi facilitado pela saída de famílias ricas dessas áreas e pelos seus primeiros sinais da decadência. Outro resultado foi a ocupação da periferia com uma “dinâmica negra”, em torno de roças, quilombos e candomblés. As freguesias com características rurais (Santo Antônio, Brotas e Vitória) formavam um “cinturão rural” em volta da cidade, com população dispersa em pequenas roças, muitas vezes, dotadas de pequenas casas cobertas de palha. Há poucos registros dos quilombos, porém ali estavam as colinas, matas, rios e lagoas que serviam como suporte para uma coletividade clandestina. Os quilombos eram heterogêneos quanto ao porte: de cinco escravos fugidos até o do Buraco do Tatu – com menos de 100 habitantes - na freguesia suburbana de Santo Amaro de Ipitanga, ou o do Urubu, no Cabula. Eram comunidades móveis, nem sempre em relação harmônica com seus vizinhos, alimentadas pelo fluxo de escravos que encontravam na periferia, facilidade para a fuga e refúgio, e, na cidade, postos de trabalho. Várias áreas periféricas atuais teriam surgido daqueles quilombos e, segundo o autor, sua toponímia seria reveladora: Cabula, Beiru, Bogum, Bonocô. Também seriam propícias aos terreiros de candomblé, concedendo a privacidade para uma religião nem sempre bem-vista, que dependia das árvores sagradas, das fontes, de certas pedras. Os terreiros também cercavam a cidade e, por sua vez, serviam como núcleo de ocupação, rodeados de moradias daqueles que lhes estavam relacionados.

Data do Preeenchimento: 
quarta-feira, 24 Fevereiro, 2016 - 17:15
Pesquisador Responsável: 

Daniel Juracy Mellado Paz

Data da revisão: 
segunda-feira, 4 Julho, 2016 - 17:15
Responsável pela Revisão: 

Marcia Sant’Anna

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