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Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Igatu / Chapada Diamantina-Ba, 2016.
Espigueiros. Portugal, 2017.
Espigueiros. Portugal, 2017.

arquitetura africana

ISBN ou ISSN: 

ISBN: 9788539703531

Autor(es): 

Günter Weimer

Onde encontrar: 

Acervo pessoal da Professora Mariely Santana do Grupo de pesquisa ARQPOP-UFBA.
 

Referência bibliográfica: 

WEIMER, Günter. Inter-Relações Afro-Brasileiras na Arquitetura. Porto Alegre, Rio Grande do Sul: EDIPUCRS, 2014.
 

Eixos de análise abordados: 
Território e etnicidade
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Dados sobre o autor(es) e obra: 

Günter Weimer possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1963), mestrado em história pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1981) e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de São Paulo (1990). Tem experiência na área de arquitetura popular, história da arquitetura, imigração alemã, açorianos no Brasil e Rio Grande do Sul. Atualmente é professor convidado do Programa de Pós-graduação em Urbanismo (PROPUR) da Faculdade de Arquitetura da UFRGS.
Informações disponíveis: https://www.escavador.com/sobre/1297212/gunter-weimer
 

Sumário obra: 

Apresentação
Prefácio
CAPÍTULO 1 – A Arquitetura Africana
CAPÍTULO 2 – A arquitetura africana no Brasil
CAPÍTULO 3 – Arquitetura brasileira na África
Posfácio
Referências
Anexo 1
Anexo 2
Obras do Autor
 

Resumo : 

A obra é dividida em três capítulos: o primeiro retrata as tipologias habitacionais africanas, o segundo aborda a influência africana na arquitetura brasileira e o terceiro focaliza o retorno dos escravos à África e os efeitos da influência brasileira nas tipologias africanas. No segundo capítulo, que será explorado nesta ficha, inicia-se com uma narrativa sobre a chegada dos africanos ao Brasil e o autor apresenta os quilombos como uma referência de arquitetura popular. Uma tipologia habitada, majoritariamente, pela população negra, que se assemelhava às aldeias africanas, porém com novas concepções arquitetônicas e urbanísticas. No Brasil, o quilombo era visto como abrigo distante de negros fugitivos, reafirmando uma visão escravocrata sobre esse tipo de arquitetura. Apesar dos poucos registros, foram identificados dois quilombos em Rio de Contas, na Bahia, que teriam surgido no século 16 e permanecem até os dias atuais. Já o quilombo dos Palmares, segundo o autor, não seria uma aldeia, pois tinha uma grande extensão territorial e funcionava como uma federação. A partir das análises feitas pelo autor é possível observar características comuns entre os quilombos brasileiros e as aldeias africanas, como a presença de vários acessos, em que alguns eram falsos e cheios de armadilhas, enquanto a entrada principal seria de conhecimento apenas dos nativos. Além disso, a presença de uma grande barreira ao redor do quilombo, de uma horta e da casa de ferreiro, que significaria uma provável produção das próprias armas. E semelhanças também em relação à materialidade das construções, provavelmente, feitas em pau a pique, sem revestimento e com cobertura vegetal. Mas o autor, a partir de iconografia, observou uma diferença entre o quilombo do Brasil, que apresentava uma forma geometrizada e ortogonal e a distribuição das aldeias africanas, que eram menos regulares. O autor baseia essas conclusões na análise dos quilombos do Buraco do Tatu, em Salvador, de São Gonçalo, em Minas Gerais e de Iguaçu, no Rio de Janeiro. Segundo Amantino, autor citado por Weimer, os quilombos brasileiros poderiam ser divididos em autossuficientes e dependentes, em que o primeiro tipo não dependia de trocas com a sociedade, por isso, não tinham muita influência brasileira, sendo suas construções e produções de origem totalmente africana. Já no segundo tipo, os habitantes viviam de roubos e assaltos à cidade e sem local fixo. Além disso, são feitas considerações sobre as senzalas brasileiras originárias das sanzalas africanas. As senzalas brasileiras foram incorporadas às fazendas e engenhos de cana de açúcar, porém, o fato de os registros mais convincentes sobre essa tipologia serem do século 18, as considerações de Weimer são suposições baseadas em relatos de viajantes. Ademais a precariedade dessas construções não permitiu que resistissem ao tempo. Algumas características observadas foram o fato da casa ser construída de barro, visto que a taipa de mão era uma técnica africana, sem janelas, coberta de palha e sem mobiliário. Com o tempo, as senzalas começaram a ser construídas mais próximas à casa grande, o posicionamento dos prédios formava um pátio comunitário que funcionava como área de interação, com os fogões fora, o que seria uma referência africana. Weimer também destaca que nas senzalas existiam aberturas entre a parede e o teto para entrada da iluminação e da ventilação, uma técnica construtiva africana adaptada ao clima quente, pois elas receberiam ventilação em todos os sentidos independentemente do seu posicionamento. Outra tipologia habitada e construída pelos negros foi à casa isolada, localizada no terreno dos senhores que davam permissão para sua construção aos escravos considerados “bem comportados”. As técnicas africanas estavam muito presentes nessa tipologia, como a queima das extremidades das peças de madeira, que formavam os pilares, para retardar o apodrecimento quando fossem enterradas, além da trama da parede revestida de barro, a amarração da estrutura com cipós e o pilar central mais elevado permitindo um telhado de duas águas. O que mais se distinguia da origem africana e se assemelhava à cultura dos portugueses, eram as casas com a presença de janelas e de cobertura com telhas, tornando-as um híbrido. Para os africanos, a falta de janelas e portas nas casas seria uma das formas de evitar a entrada de maus espíritos, nesses casos, as casas tinham telhado de duas águas com o frontão recuado para que ocorresse ventilação cruzada. O autor ressalta os poucos registros da arquitetura pós-escravatura, mas observa a permanência do uso da taipa, pequenas aberturas e cobertura vegetal em algumas construções da década de 1920. Weimer também afirma que algumas tipologias africanas ainda permanecem, como os mocambos, de cumeeira com duas ou quatro águas, em sua maioria no nordeste brasileiro. Porém sofreram algumas variações, como o surgimento de uma parede transversal, dividindo os espaços em sala e dormitório à frente e cozinha e comedor ao fundo. Além de variações em relação ao número e tamanho das portas e janelas. O uso da cobertura vegetal foi substituído pelas telhas cerâmicas e a existência de espaços privativos no fundo das casas variava conforme a família, com o uso de cercas vivas ou a formação de um quintal. O autor também explica como se deu a permanência do kraal pós-escravatura, que seria o conjunto de construções isoladas entre si que abrigavam uma família. Nesse local, as casas tinham bastante relação com o ambiente, muitas utilizavam cercas vivas no entorno, mantinham a parte central do terreno livre, onde se localizaria o fogão, uma tradição africana que foi mantida. Atualmente, o que se tem são quilombos compostos por vários kraals. Além disso, são feitas considerações sobre as moradias em meio urbano, pois com o crescimento das cidades, os mocambos que se encontravam no centro foram sendo realocados para áreas mais distantes, em regiões sem condições de moradia. Segundo Weimer, o modelo de urbanização nas áreas marginais das cidades brasileiras se assemelha ao que ocorreu nas cidades africanas, como a formação de grandes quarteirões contornados por largas avenidas que dão origem as ruas de acesso local. Foram analisados modelos de Salvador, do Rio de Janeiro, de Porto Alegre e de Recife. O autor conclui com considerações em relação aos bairros sobre palafitas, relacionando essa tipologia com uma utilizada em regiões da África. Além de apresentar as dificuldades do governo em aceitar às diversidades culturais e tipológicas do país, desde o tempo dos quilombos.

 

Data do Preeenchimento: 
terça-feira, 10 Setembro, 2019 - 15:00
Pesquisador Responsável: 

Melissa Torres de Amorim

Data da revisão: 
segunda-feira, 21 Outubro, 2019 - 15:00
Responsável pela Revisão: 

Márcia Sant'Anna

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