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Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Igatu / Chapada Diamantina-Ba, 2016.
Espigueiros. Portugal, 2017.
Espigueiros. Portugal, 2017.

Itália

ISBN ou ISSN: 

Sem dados.

Autor(es): 

Giuseppe Pagano e Guarniero Daniel

Onde encontrar: 

Acervo Daniel J. Mellado Paz.

Referência bibliográfica: 

PAGANO, Giuseppe. DANIEL, Guarniero. Architettura Rurale Italiana. Quaderni dela Triennale. Milano: Ulrico Hoepli Editore, 1936.

Eixos de análise abordados: 
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra: 

Giuseppe Pagano (1896-1945) foi arquiteto e um dos protagonistas do Movimento Moderno na Itália. Graduou-se em Arquitetura no Politécnico de Turim em 1924 e teve carreira destacada no projeto de exposições, mobiliários e interiores, assim como foi fotógrafo amador. Em 1928, foi responsável pelo projeto geral da Exposição de Turim, assim como de cinco de seus pavilhões e, em 1930, com Gino Levi Montalcini, projetou o Pavilhão Italiano para a Exposição de Liège. Em 1937, realizou os interiores e muitos dos espaços de exposição do Pavilhão Italiano projetado por Marcello Piacentini para a Exposição de Paris de 1937. Participou da V Trienal de Milão em 1934 e foi o diretor da VI Trienal de Milão em 1936, para a qual projetou, com Guido Frette, a Exposição dos Materiais de Construção e, com Guarniero (Werner) Daniel, a Exposição de Arquitetura Rural, com fotos de sua autoria. Na VII Trienal de 1940, projetou a Exposição da Produção Serial. Importante foi sua atuação na revista Casabella, veículo fundamental para o debate arquitetônico e cultural da época, na qual atuou em 1931, trabalhando junto com Edoardo Persico, Giulio Carlo Argan, entre outros, e da qual se tornou diretor em 1933. Sobre Guarniero/Werner Daniel, não encontramos nenhuma outra informação além de que era arquiteto, com interesse nas casas rurais das províncias de Trento e Bérgamo (Giuseppe Pagano, ‘‘Documenti di architettura rurale,’’ Casabella 8, no. 95 (1935): 18–19.)
 
Fonte: https://it.wikipedia.org/wiki/Giuseppe_Pagano_(architetto)

 

Sumário obra: 

Não se aplica.

Resumo : 

Obra feita a partir de exposição sobre arquitetura rural italiana na VI Trienal de Milão, em 1936, fartamente ilustrada com fotografias. O estudo da casa rural italiana, a genuína tradição autóctone do país, busca demonstrar seus valores estéticos e sua funcionalidade e imunizar-se contra a retórica pomposa do que fora até então a história da arquitetura, que se concentrava no valor estético orientado à forma áulica adotada nas construções maiores – o templo, a igreja, o palácio – com ênfase no gênio como manifestação do gosto da época. A obra parte do pressuposto de que a arquitetura surge como resolução de uma necessidade técnica ou funcional, com a sobrevivência da forma resultante incorporada a novas funções. A arquitetura rural é a primeira vitória do homem no esforço de obter da terra seu próprio sustento, quase uma expressão do subconsciente. Honesta, sem falsificação estilística e rigorosamente cumprindo sua funcionalidade lógica, a casa rural adaptava-se em função do desenvolvimento geral da relação do homem com a terra; das condições geológicas, climáticas, agrícolas e econômicas do meio, como produto do espírito humano e uma coisa viva. Por isso, o fundamental seria o estudo de sua evolução. As mudanças foram graduais, adaptando elementos da fase anterior a partir de três fatores: material de construção, clima e economia agrícola. A tendência geral seria abolir o material leve de vedação em busca de materiais mais resistentes e duradouros, em paralelo com a mudança no modo de vida do pastor nômade ao agricultor sedentário. O resguardo do feno levou à criação do palheiro, cuja forma primitiva é a cilíndrica, com o feno em torno de um mastro e uma cúpula ou cobertura cônica para proteção contra a chuva. O uso do seu interior para abrigo deu origem à cabana de palha. A limitação inerente de tamanho devido à ausência de madeira de porte levou à soma de um outro círculo e à obtenção da planta elíptica. Seu desenvolvimento posterior gerou a planta retangular com telhado de quatro águas. Enquanto se usa a palha como cobertura, a declividade se mantém acentuada, como nos países nórdicos. A adaptação a um teto de duas águas é recente, com execução mais fácil, porém exigente em relação ao rigor da geometria e que requer a aparição da parede onde estão os frontões. Nessa evolução geral, da forma circular à quadrada, foi-se da célula única ao agregado de células, da planta composta à fusão em uma planta alongada. No sul do país, dada a escassez de madeira, a palha foi substituída diretamente para a cobertura em pedra, abandonando-se a estrutura em grelha e adotando-se a alvenaria. A cobertura cônica se rebaixou e se tornou cúpula, mantendo seu caráter celular. Outra transformação foi na maneira de manter o fogo doméstico: na cabana primitiva, a lareira era um buraco escavado com a fumaça saindo pelas frestas da cobertura. A inovação da chaminé permitiu o escoamento da fumaça, porém sua localização era ditada pelo clima: dos ventos frios, que investem contra certas partes da casa, e dos ventos, em geral, que podem levar as centelhas para a cobertura, exigindo que se destacasse como volume na construção geral. Da cabana de palha do pastor à cabana de pedra do lavrador, a forma permaneceu e se na primeira, o elemento principal era o mastro central, o seu abandono deixou a permanência da decoração no cume da cobertura, a exemplo das cruzes. O trullo, construção de alvenaria de pedra e cobertura em falsa cúpula no mesmo material, de célula única, é a primeira etapa de uma nova cadeia de transformações até a planta quadrada, ultrapassando-se os limites de tamanho das casas de palha, com o emprego de material aglomerante, como a pozolana, e o uso de tufo, pedra-pomes e tijolos. A cúpula se desenvolve em outras formas: como o pavilhão, a abóbada de berço, a abóbada de aresta e, por fim, o teto plano, cobertura típica dos países mediterrâneos e a máxima conquista técnica no edifício, mostrando que o teto plano da arquitetura moderna não era algo estranho à tradição italiana. O terraço possui a qualidade de recolher a água da chuva para alimentar cisternas, bem-vindo em áreas com poucas e intensas chuvas. Outro elemento que deu lugar a transformações significativas foi o pombal, que da planta circular passou à quadrada, tornando-se um novo elemento arquitetônico, empregado como local de depósito e de secagem e mesmo para fins estéticos. As fenestrações que serviam para aeração dos celeiros e sótãos se incorporaram como motivo decorativo. O cultivo de milho trouxe mudanças na arquitetura, com a necessidade de proteger as espigas das chuvas. As formas elementares dessa proteção são estruturas suspensas em madeira, ancoradas nas paredes, que acumulam o calor do dia e irradiam à noite, ajudando na secagem das espigas, origem do balcão de madeira. O aperfeiçoamento gradual em solidez e praticidade leva ao uso de pilares de alvenaria para, depois, adotar a estrutura mural que torna tal dispositivo uma loggia. O elemento em alvenaria capaz de desempenhar melhor esse serviço é o arco, empregado por razões práticas e não estilísticas. Fonte inesgotável de ensinamentos estéticos é a escada exterior, particular dos edifícios da Itália central e meridional, permitida pelo clima e necessária para separar o térreo, com o estábulo e depósitos, da planta superior da moradia. A escada é sentida como valor de composição volumetricamente puro, livre de toda sugestão retórica ou acadêmica. Na casa rural não há preocupação que não coincida com uma necessidade prática, funcional ou construtiva, cuja expressão plástica depende da forma do terreno, da orientação do sol, do material empregado e da necessidade interior: portas, janelas, escada e cobertura são determinadas por tais exigências. A fantasia arquitetônica é limitada aos elementos de composição, tendendo ao ritmo cadenciado com a repetição dos idênticos elementos estruturais, sendo uma arquitetura singela e anônima, na qual se faz visível a redescoberta da comoção do poeta construtor em vez do cenógrafo: teto plano, o bloco puro com o mínimo de adições e decorações acidentais, a composição assimétrica, a força expressiva da parede plena, a influência da paisagem circundante e a coerência funcional e técnica.

Data do Preeenchimento: 
terça-feira, 31 Agosto, 2021 - 16:00
Pesquisador Responsável: 

Daniel Juracy Mellado Paz

Data da revisão: 
domingo, 23 Março, 2025 - 16:00
Responsável pela Revisão: 

Marcia Sant’Anna

ISBN ou ISSN: 

Não consta ISBN - Código: CL20-1770-9.

Autor(es): 

Enrico Guidoni

Onde encontrar: 

Acervo do Prof. Luiz Antonio Fernandes Cardoso

Referência bibliográfica: 

GUIDONI, Enrico. L’architettura popolare italiana. Roma: Editori Laterza, 1980.

Eixos de análise abordados: 
Conceitos e métodos
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra: 
Enrico Guidoni (1939-2007) foi professor de História da Urbanística na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma "La Sapienza” e também docente de História da Arte junto à Escola de Especialização em Restauro de Monumenti e, a partir de 1997, de História da Arquitetura Moderna. Foi membro da Comissão Internacional de História das Cidades e fundou as seguintes revistas Storia della città, Storia dell'urbanistica, Studi giorgioneschi e publicou Atlante di storia urbanistica siciliana, Roma. Storia, immagine, progetto, Atlante storico delle città italiane, Civitates, e o livro objeto desta ficha L'architettura popolare in Italia, lançado em 1980.
Em 1991 promoveu, com E. De Minicis, a iniciativa cultural Museo della città e del territorio. Foi curador, para a Comuna de Modena (Biblioteca Poletti), dos ciclos de conferências intitulados Percorsi di storia della città, entre 1995 e 1998. 
Informações obtidas em: (www.cittasostenible.it). 
Sumário obra: 
1. La dimensione storico-antropologica 
2. Il sacro e i riti 
3. Il paesaggio, l’insediamento, l’urbanistica 
4. Il microambiente e l’arredo 
Bibliografia
Resumo : 
A obra reúne as pesquisas do autor sobre a arquitetura e os assentamentos urbanos italianos onde reconhece uma contribuição popular fundamental. Contém revisão bibliográfica e documental extremamente completa sobre o que foi produzido sobre o tema no país até 1980, contendo ainda abundante material fotográfico e gráfico. Arquitetura e “urbanismo” popular são tratados como produtos de uma relação profunda com cultura campesina, abordando-se o ambiente construído como resultado global do trabalho secular de comunidades dotadas de cultura própria. O autor investiga a arquitetura popular a partir dos aportes culturais específicos de povos e comunidades, entendendo o assentamento humano não como resultado de processos mais ou menos passivos de adaptação ao ambiente ou a modelos externos dominantes, mas como um produto cultural vinculado à história da comunidade residente. Define então “arquitetura popular” como “o conjunto das manifestações – referentes a grupos e comunidades organizadas (principalmente rurais ou artesanais) que desenvolvem atividades produtivas em condições de relativa autonomia cultural com relação à sociedade urbana e aos órgãos do Estado – inerentes à construção, à transformação e ao uso do espaço habitado, à interpretação abrangente do mundo físico local e da paisagem, ao usufruto do território e à sua reapropriação ritual” (p. 3-4). Para Guidoni, uma “cultura arquitetônica popular” somente sobrevive se condições de relativa autonomia cultural, econômica e de gestão permanecem. Para ele, a arquitetura popular e suas tradições não sobrevivem em contato estreito com o mundo industrial e urbano e com as políticas governamentais de habitação e urbanismo. Nessas situações, o legado popular permaneceria apenas nos detalhes, no uso particular do espaço interno e em elementos assessórios e extra-arquitetônicos. Metodologicamente, Guidoni advoga que a arquitetura popular deve ter suas características, componentes e variantes analisados com base em dados históricos e antropológicos. Ou seja, deve ser posta em relação com o “povo” que a produziu, tendo-se em conta estratificações temporais, condicionantes físicos e geográficos, trocas e encontros com a cultura urbana e estatal. Estatutos urbanos e normas consuetudinárias seriam fontes importantes da história das comunidades campesinas, do assentamento e do território, ressaltando-se o papel dos fotógrafos e etnógrafos no registro dessa arquitetura em seus nexos com vida cotidiana e tradições locais. Guidoni destaca o papel da noção de sagrado no estudo do “espaço popular” entendido como todo o ambiente produtivo, da casa ao território da comunidade. Ressalta a profundidade temporal desse aspecto, que remete à pré-história e ao mundo pré-cristão, e sua relação com o ambiente natural geológico e fito-zoológico. A relação com o sagrado surgiria nos signos religiosos apostos às fachadas, portas e janelas e na sacralização e individuação dos lugares por meio da presença de rochas e árvores sagradas ou da edificação de cruzes, edículas ou nichos que potencializam a relação entre este mundo e o divino. Estes elementos tornam-se pontos determinantes da paisagem, utilizados para a proteção do território. Guidoni assinala que esses construtos ganham significados reais somente sob uma chave antropológica ou no interior de um uso ritual radicado na tradição local. Por isso, a arquitetura popular não poderia ser compreendida fora da rede de crenças, tradições e de uso do espaço que transcende a mera esfera construtiva. Os ritos e festividades seriam também formas de apropriação e delimitação de territórios, de unificação do assentamento humano com seu contexto produtivo, de demonstração da persistência de lugares de culto e de resistência às modas e inovações. Seriam ainda expressões de uma interpretação popular da estrutura urbanística, permitindo compreender escolhas fundamentais como a posição da igreja, da capela, da cruz, dos altares provisórios e dos aparatos usados nas procissões. Guidoni explora a apropriação popular das relações entre natureza, religião, arquitetura sacra e paisagem nos assentamentos e santuários localizados em sítios excepcionais que exprimem a identificação primária entre o sagrado e as rochas. Defende também a existência de um “urbanismo popular”, identificando na configuração de núcleos urbanos pequenos e médios a ação criadora da comunidade residente. Na Itália, a assimilação pela cidade do tipo arcaico de morada camponesa data do final da Idade Média, quando a arquitetura dos núcleos urbanos deveu muito ao aporte camponês e às relações econômicas fundamentais com o campo. A dimensão popular do urbanismo se revelaria na construção culturalmente reconhecível do espaço habitado na sua relação com a preexistência histórica e na organização da vida comunitária. Seria produto de escolhas, estratificações culturais e modificações históricas concretizadas nos sistemas viários irregulares, nas volumetrias assimétricas e nos agregados habitacionais aparentemente caóticos. Sua falta de precisão e a não repetição de módulos e esquemas geométricos seriam próprios de uma produção artesanal que tem como objetivo a funcionalidade e a resposta a necessidades produtivas, sociais e ideológicas. Essas características seriam ainda decorrência de distorções, reinterpretações e simplificações de esquemas urbanísticos cultos e de um modelo associativo enraizado na família e na atividade produtiva do grupo. Uma expressão desse “modelo” seria a unidade urbanística correspondente ao beco e ao pátio com várias unidades habitacionais. Guidoni destaca a casa como um indicador do conjunto das relações comunitárias, por meio do seu aspecto exterior e da adaptabilidade ao espaço disponível, e como o elemento que mais mantém uma individualidade e mais tende a conservar tradições rurais e populares. Elementos como lareiras, chaminés, fornos e escadas expressariam essa tendência. Já o interior da casa popular é visto como pouco estudado em termos de cultura do espaço habitado, modelos de seleção e agregação de objetos e da relação com a estrutura edilícia. Nesses agenciamentos internos, que se caracterizam por um horror vacui, revalecem objetos e instrumentos de trabalho sobre a mobília, a qual é tratada como entidade isolada e relativamente independente do ambiente arquitetônico. As partes mais importantes (ambiente do leito, cozinha e canto das imagens sacras) são, entretanto, dotadas de rigorosa estruturação espacial. 
Data do Preeenchimento: 
sexta-feira, 14 Junho, 2013 - 13:15
Pesquisador Responsável: 

Marcia Sant’Anna

Data da revisão: 
terça-feira, 1 Julho, 2014 - 13:15
Responsável pela Revisão: 

Daniel Juracy Mellado Paz

Observação: 

Não há tradução desta obra para o português.

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