A obra se dedica a abordar as olarias e detalhar essa tecnologia artesanal com observância rigorosa à nomenclatura utilizada no meio, apresentando como principal referência a pesquisa de campo realizada pelas autoras. Boa parte das informações trazidas advém dessa pesquisa e parece ser o conteúdo mais relevante de todo texto. A obra está organizada em duas partes, uma em que se descreve os dados coletados em campo, e outra em que se faz um breve panorama sobre o surgimento dos fornos, sua difusão, e o feitio dos tijolos em outras partes do mundo. As informações levantadas em campo foram obtidas através de visita a museus e a olarias, e tratam de questões acerca da nomenclatura, da tecnologia, do sítio e de ordem social. Essas informações são, por sua vez, organizadas em três conjuntos: um primeiro, introdutório, em que trata da nomenclatura, da matéria prima e dos componentes da tecnologia de um modo geral, situando o leitor no processo de fabricação; um segundo, mais específico, que traz as informações coletadas em cada uma das localidades pesquisadas; e um terceiro, que volta a tocar em assuntos relacionados à confecção do produto, só que de modo mais aprofundado e tecendo comparações entre as olarias visitadas. No que diz respeito à tecnologia, faz-se uma espécie de passo a passo da confecção dos tijolos, traz-se informações acerca da sua contagem e classificação, e das modificações na topografia dos barreiros, causadas pela extração da matéria prima. Inicialmente, a pesquisa foi realizada em cinco municípios da periferia da Grande São Paulo, se estendendo para outras localidades do Estado e para outras regiões: Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte. Sobre as olarias localizadas nesses Estados, se traz informações como: data de fundação; composição do tijolo, características, dimensões e modo de preparo; instalação da olaria; tecnologia usada; abastecimento de água; utensílios; proprietário do terreno ou arrendatário; e condição de vida dos oleiros, em termos de moradia, jornada de trabalho e grau de escolaridade. Nesta primeira parte do estudo, são feitas ainda comparações entre os dados obtidos em campo, aprofundando-se os seguintes aspectos: composição do barro; barreiros levantados; secagem, cozimento, fornos e caieiras; dimensões dos tijolos; formas; arco; amassamento do barro; manjarras (peça de madeira que faz parte do conjunto destinado à mistura do barro) e galpões; oleiros, vida e situação social; e estabilidade local da olaria. A obra deixa entender nessa primeira parte que sua principal função é compilar informações sobre o funcionamento de algumas olarias no Brasil, de modo que se crie um pequeno registro. A segunda parte do texto é bastante superficial e sucinta. Basicamente, as autoras trazem um breve histórico da origem dos fornos e sua difusão na Europa e nos Balcãs, uma pequena nota sobre a modernização da tecnologia do tijolo no século XX (em que relatam a descoberta da máquina compressora do barro, a padronização dos tijolos, e o uso de revestimentos nas peças), e uma descrição das olarias e tijolos artesanais em alguns países. Essa descrição é muito mais breve, comparada à das olarias brasileiras, e não segue um padrão quanto à informação obtida nos diferentes casos. Os países e localidades abordadas são: Áustria, Espanha, França, Portugal, Inglaterra, Estados Unidos, África, Líbano, Turquia, Iêmen, Índia, América Central e América Latina. Após esse levantamento, são realizadas comparações entre a situação das olarias pesquisadas no Brasil e o desenvolvimento da técnica no mundo. As autoras concluem que o forno de dois compartimentos, aperfeiçoado pelos romanos, é largamente usado no Brasil e países Latinoamericanos; e que o conjunto da pipa e manjarra, existente em todas as partes do Brasil, é, devido à falta de materiais originais e a uma grande capacidade de improvisação, uma cópia rústica da máquina automática para fabricar tijolos. Por fim, a obra é ilustrada com algumas fotografias.