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Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Igatu / Chapada Diamantina-Ba, 2016.
Espigueiros. Portugal, 2017.
Espigueiros. Portugal, 2017.

técnicas tradicionais.

ISBN ou ISSN: 

Não se aplica

Autor(es): 

Francisco de Carvalho Dias Andrade

Referência bibliográfica: 

ANDRADE, Francisco de Carvalho Dias. Uma poética da técnica: A produção da arquitetura vernacular no Brasil. Campinas (São Paulo), 2016. Tese (doutorado em História). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Estadual de Campinas, Campinas.ANDRADE, Francisco de Carvalho Dias. Uma poética da técnica: A produção da arquitetura vernacular no Brasil. Campinas (São Paulo), 2016. Tese (doutorado em História). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

Eixos de análise abordados: 
Conceitos e métodos
Saberes tradicionais e espaço arquitetônico
Tecnologia tradicional no território e na edificação: vigências e usos contemporãneos
Dados sobre o autor(es) e obra: 

Francisco de Carvalho Dias Andrade possui graduação em História pela Universidade Estadual de Campinas (2007). É Mestre em História pela Universidade Estadual de Campinas, na área de Política, Memória e Cidade (2011) e Doutor em História pela mesma universidade, na área de História da Arte (2016). Tem se dedicado à preservação do patrimônio cultural brasileiro, realizando pesquisas sobre a história das técnicas, história da arquitetura e do urbanismo no Brasil.
Informações obtidas em: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4463267T7

Sumário obra: 

Introdução 
PARTE I: A história da arquitetura como morfologia da nação brasileira 
1. O chão que continua: a imagem da arquitetura vernacular brasileira 
2. As formas do visível: o lugar das técnicas na arquitetura brasileira 
PARTE II: As metáforas do corpo e os sentidos da construção vernacular 
3. O valor da metáfora: as pesquisas de Carlos Borges Schmidt e a técnica como linguagem 
    3.1 Carlos Borges Schmidt: o estudo da técnica como disciplina fronteiriça
    3.2 A técnica como linguagem da arquitetura vernacular
 4. A produção da arquitetura vernacular brasileira
    4.1. O abrigo do corpo: implantação e repartição interna em moradias vernaculares 
    4.2. Os materiais e seus regimentos: técnica e economia na base dos ofícios da madeira no Brasil
    4.3 As medidas do corpo e a arquitetura vernacular como jogo construtivo
    4.4 “Esta casa está bem feita”: o habitar vernacular e os ritos domésticos
Considerações finais
Referências bibliográficas
Caderno de Pranchas 

Resumo : 

A tese descreve cronologicamente a produção vernacular em diferentes contextos históricos do Brasil. O autor opta denominar este “fazer arquitetônico” como vernacular pois entende que este é o que menos gera ambiguidade e carrega em sua definição maior peso simbólico. Exclui termos como “arquitetura primitiva”, por ter relação com concepções evolutivas da cultura humana, ou “arquitetura popular”, por ainda ter uma vinculação contrária ao termo “arquitetura erudita”, ou, ainda, “arquitetura sem arquitetos”, que cria uma idealização do profissional. A investigação apresentada diz respeito à técnica empregada e ao tratamento dos materiais no canteiro de obras, buscando-se identificar padrões em seu manuseio e construir parâmetros que definam a linguagem vernacular da arquitetura brasileira. Para isto, a tese foi dividida em duas partes. A primeira analisa e discute como a noção de arquitetura vernacular foi registrada e estabelecida nos desenhos técnicos e naqueles de caráter ilustrativo, etnográfico ou artístico, durante o século XIX. O primeiro capítulo apresenta os desenhos, imagens e pinturas de importantes historiadores e artistas, como Debret, Francisco Freire e John Ruskin, ressaltando como comunicaram uma imagem da arquitetura brasileira por meio de suas obras. Já o segundo capítulo discute o uso do desenho como ferramenta de investigação histórica da produção arquitetônica no Brasil, e como esta ferramenta foi sendo apropriada ao longo do tempo por estudiosos na área de preservação do patrimônio. Na segunda parte, a linguagem técnica utilizada no fazer construtivo vernacular é o foco de investigação do autor, demonstrando seu protagonismo na arquitetura brasileira. O terceiro capítulo debate o negligenciamento do estudo dessa linguagem técnica e sobre como era definida a partir de metáforas para descrever técnicas e elementos arquitetônicos. Toda a base argumentativa da tese é contextualizada pelo acervo de Carlos Schmidt, autor que dedicou-se à produção literária utilizando a fotografia como principal documento ilustrativo da vida rural das populações caiçaras e caipiras em sua obra “Documento da vida rural”. Este acervo, por sua vez, apresenta exemplos práticos e descritivos da cultura destas populações e é organizado pelo autor no Caderno de Pranchas ao final da tese. Por fim, o quarto capítulo focaliza a produção construtiva, investigando os artífices e seu papel de executores e definidores da arquitetura, bem como o modo como utilizavam o corpo no processo construtivo, no gerenciamento do canteiro de obras, e na solução das plantas. Focaliza também, no modo como valorizavam a construção por meio de festejos e ritos. Devido ao caráter mais teórico e menos descritivo do texto com relação às técnicas construtivas e à própria arquitetura, esta ficha focaliza a obra a partir do tópico 3.2 do terceiro capítulo. Este tópico, usa como principal subsídio argumentativo os registros de Schmidt acerca de São Luís de Paraitinga, em 1943, na sua obra “O Inquérito sobre a Habitação Rural”, que se baseia nos princípios de implantação da obra, na divisão interna da casa e na divisão do trabalho, explicitados por carpinteiros e construtores. Esta obra de Schmidt também registra o contexto social que envolve o processo construtivo. Além disso, esses registros também chamam a atenção para a utilização dos materiais e do corpo como referência métrica para auxiliar a racionalização da obra. A partir desses dados, o autor estuda como referenciais flexíveis e sensoriais, a exemplo da utilização do peso de um homem ou da circunferência de seu braço, são estabelecidos como parâmetros para quantificar os materiais necessários à construção. Mas, para além do processo construtivo, o autor aponta que as partes do corpo, utilizadas de maneira figurativa, são também parâmetros para definição de terminologias técnicas na arquitetura vernacular. Porém, apesar de ser um recurso linguístico intuitivo, denominado pelo autor de “antropomorfismo” e que propicia maior facilidade de comunicação no meio popular, tal recurso linguístico tem sido pouco estudado, o que leva o autor a sugerir possibilidades de investigação. Ele defende que a investigação desta linguagem seria essencial para a compreensão da técnica vernacular, já que esta é concebida e guiada mediante relações entre linguagem, corpo, utensílio e matéria. A partir daí, no Capítulo 4, o autor busca definir a arquitetura vernacular, compreendendo-a como uma linguagem que é singular e autônoma, um modo de compreender a construção desvinculada dos valores inerentes à arquitetura “erudita” ou da “arquitetura dos arquitetos”. Os poucos estudos que já foram produzidos acerca desse fazer construtivo são generalistas e podem aplicar-se a qualquer outra tipologia, seja ela popular ou erudita, afirma o autor. Desta forma, busca compreender os critérios de implantação e organização espacial da casa. No tópico 4.1, o autor associa a medicina à necessidade do abrigo do corpo. O Tratado Hipocrático é fonte de reflexão primária acerca da influência que a habitação e a cidade geram sobre a saúde servindo então como base para estudos aprofundados de arquitetos, que ajudaram a transmitir esses preceitos ao longo de 1500 anos. Tratando-se da arquitetura brasileira, o autor menciona “O tratado único da constituição pestilencial de Pernambuco” (1694), de João Ferreira da Rosa, que trata da epidemia de febre amarela em Recife, descrevendo as soluções arquitetônicas para prevenir a doença. Desta forma, Rosa menciona o “cubículo” como o principal meio de resguardar o corpo contra os ventos e a têmpera dos ares, o que é reconhecido por Andrade como as alcovas das casas populares. Outros elementos assumem, segundo o autor, esta função de proteção contra os ventos na arquitetura vernacular brasileira, como o seu volume pesado, com poucas aberturas, as janelas escuras sem aberturas e os oitões revestidos com telhas. No tópico 4.2 o autor busca explorar os diversos preconceitos relacionados à arquitetura vernacular, reconhecendo que estas são suposições infundadas, devido à baixa produção científica acerca deste universo. Discorre, sobre o modo como artesãos, carpinteiros e marceneiros conseguiram criar métodos abstratos para conseguir manejar a matéria-prima natural, utilizando os sentidos e a prática, assim definem classificações que orientam a correta aplicabilidade do material. O autor baseia-se no estudo in loco, associado a publicações referenciais. No tópico 4.3, o autor ainda discorre sobre os materiais, mas agora focaliza a análise no uso das medidas do corpo para a racionalização de sistemas de medidas e de cálculos de quantitativos dos materiais, com relações proporcionais entre eles. Na técnica de olaria, por exemplo, o barro é modelado para produção de telhas com tamanho definido pelo palmo do artesão, sendo o processo de montagem do telhado totalmente associado à forma desta telha. O último tópico da tese centraliza o olhar no cotidiano da construção na zona rural brasileira, buscando compreender como se dão os rituais da produção arquitetônica e os valores culturais que a envolvem. Os mutirões, por exemplo, simbolizam a validação dos laços de solidariedade, ajuda mútua entre a comunidade, já que por vezes o caráter cultural se sobrepõe à real necessidade deste auxílio. O autor conclui que a ascensão da industrialização afetou negativamente a arquitetura vernacular e seu universo cultural, associando-a a uma técnica primitiva sem definições racionais, portanto, não científica. Contudo, este estudo mostra que com o uso de parâmetros sensíveis e corporais existe uma racionalidade incorporada ao processo construtivo vernacular.
 

Data do Preeenchimento: 
segunda-feira, 11 Março, 2019 - 16:30
Pesquisador Responsável: 

Zara Pereira Rodrigues Silva

Data da revisão: 
segunda-feira, 29 Abril, 2019 - 16:15
Responsável pela Revisão: 

Márcia Sant'anna

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