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Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Igatu / Chapada Diamantina-Ba, 2016.
Espigueiros. Portugal, 2017.
Espigueiros. Portugal, 2017.

Estudos Recentes sobre a Habitação no Brasil: Resenha da Literatura

Autor(es): 

Lícia do Prado Valladares

Onde encontrar: 

 Biblioteca da Faculdade de Arquitetura da UFBA

Referência bibliográfica: 

VALLADARES, Lícia do Prado. “Estudos Recentes sobre a Habitação no Brasil: Resenha da Literatura”. In: VALLADARES, Lícia do P. (org). Repensando a Habitação no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1983, pp. 21-77.

Eixos de análise abordados: 
Conceitos e métodos
Construção autogerida em meio urbano: espaços e técnicas
Dados sobre o autor(es) e obra: 
Lícia do Prado Valladares é socióloga, graduada pela PUC-Rio de Janeiro em 1967. Realizou estudos de pós-graduação no University College de Londres e doutorou-se pela Universidade de Toulouse-Mirail em 1974. Fundadora do URBANDATA e Professora Emérita da Universidade de Lille, atua principalmente nos seguintes temas: favela, pobreza urbana, história da pesquisa urbana no Brasil, Rio de Janeiro e política habitacional no Brasil. Atualmente é pesquisadora visitante do PPCIS (Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É uma das principais especialistas no tema da habitação popular no Brasil, com inúmeros livros e artigos publicados pelo tema. O artigo em análise é fruto de uma pesquisa financiada pela Fundação de Inovação e Pesquisa (FINEP), sendo o copyright de 1982 pertencente ao Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (IUPERJ). 
Informações obtidas em: http://lattes.cnpq.br/4311938082985278
Resumo : 
Neste artigo Valladares realiza uma resenha da literatura sobre habitação no Brasil produzida até o começo dos anos de 1980, descartando, contudo, a referente à tecnologia da habitação, ao desenho e ao projeto de arquitetura. O estudo foi realizado a partir de bibliotecas e centros de pesquisa localizados no Rio de Janeiro, embora com contatos com outros centros de pesquisa do país. A autora classifica a literatura resenhada em grandes temas como o da ação governamental no campo da habitação, o da relação entre moradia e trabalho e o da formação das periferias urbanas. Além desses, dois outros temas de particular interesse para os estudos sobre arquitetura popular: o da favela e o da autoconstrução na periferia de grandes cidades. O tema da favela tem sua literatura, segundo Valladares, subdivida nos seguintes tópicos: processo de ocupação; características e significados da moradia e alternativas de intervenção governamental, sendo os dois primeiros os que trazem informações mais importantes para o tema deste guia de fontes. A respeito do processo de ocupação, a autora informa que uma das questões principais tratadas na literatura diz respeito à origem desses assentamentos, enquanto ações coletivas planejadas ou não, concluindo-se que se dão segundo diferentes formatos. No Rio de Janeiro, as invasões ocorreriam de modo gradual, podendo ser promovidas, inclusive por políticos, ao passo que, em Salvador, as mais antigas seriam resultantes de movimentos coletivos importantes. Já em São Paulo conviveriam processos de invasão muito diversos. Parte dessa literatura discute também o mercado de terras e de habitações formado no interior das favelas. No que diz respeito às características e ao significado da moradia nas favelas, Valladares aponta a influência de autores como William Mangin e John Turner que, pioneiramente, apresentaram essas ocupações como “solução” e não como problema. Sobre a autoconstrução nas periferias, ressalta-se a influência da concepção de Francisco de Oliveira de que esse tipo de moradia seria resultado de trabalho não-pago, o que favoreceria o processo de expansão capitalista. Como seguidores dessa linha de abordagem cita-se Maricato, Rolnik, Bonduki, Cavalcanti, Costa e Lima, sendo de Maricato a primeira definição de autoconstrução como “o processo através do qual o proprietário constrói sua casa sozinho ou auxiliado por amigos e familiares (...) nos seus horários de folga do trabalho remunerado” (1976, p. 10). Em seguida, Valladares informa que a autoconstrução passou a ser definida como “auto-ajuda”, “ajuda mútua” ou “mutirão” – este último visto também como uma contraprestação de serviços, para além dos “trabalhos especializados” que eventualmente são contratados no processo de autoconstrução. Outro enfoque dessa literatura são as análises comparativas relativas ao processo construtivo no que toca a aspectos sociais, econômicos e técnicos. Materiais e técnicas construtivas são considerados aspectos marcantes da moradia autoconstruída, verificando-se a tendência de compra de materiais mais baratos e de uso das técnicas mais elementares, num processo realizado em etapas descontínuas. Uma última preocupação desses estudos seriam as interpretações sobre o valor de uso e o valor de troca da moradia autoconstruída e sobre sua comercialização como mercadoria para venda ou aluguel. 
Data do Preeenchimento: 
sexta-feira, 30 Maio, 2014 - 11:30
Pesquisador Responsável: 

Marcia Sant’Anna

Data da revisão: 
quarta-feira, 2 Julho, 2014 - 11:00
Responsável pela Revisão: 

Daniel Juracy Mellado Paz

Observação: 

Bibliografia citada pela autora sobre os temas tratados na ficha:

BONDUKI, Nabil e ROLNIK, Raquel. Periferias: ocupação do espaço e reprodução da força de trabalho. S. Paulo: FAU-USP, Fundação para Pesquisa Ambiental, 1979.

LIMA, Maria Helena Beozzo de. “Em busca da casa própria: autoconstrução na periferia do Rio de Janeiro”. IN: VALLADARES, Lícia do P. (org). Habitação em questão. Rio de Janeiro: Zahar, 1980, pp. 69-88.

MARICATO, Ermínia. “Autoconstrução, a arquitetura possível”. In: MARICATO, E. (org) A produção capitalista da casa (e da cidade) no Brasil industrial. São Paulo: Alfa Ômega, 1979.

MATTEDI, Maria Raquel Mattoso. As invasões em Salvador: uma alternativa habitacional. Dissertação de mestrado submetida à UFBA, 1979.

PERLMAN, Janice. O mito da marginalidade: favelas e política no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.

SANTOS, Carlos Nelson F. dos. “Volviendo a pensar em ‘favelas’ a causa de las periferias”. In: Nueva Sociedad, n. 30, maio/junho 1977, pp 22-38.

________________________. “Estarão as pranchetas mudando de rumo? ”. In: Revista Chão, n. 01, 1978, pp. 22-31.

________________________. “Como projetar de baixo para cima uma experiência em favela”. In: Revista Brasileira de Administração Municipal, ano XXVII, n. 156, jul/setembro, 1980, pp 6-27.

________________________. “Velhas novidades nos modos de urbanização brasileiros”. In: VALLADARES, Lícia do Prado. Habitação em questão. Rio de Janeiro: Zahar, 1980, pp. 17-41.

VALLADARES, Licia do Prado. “Favela, política e conjunto residencial”. In: Dados, n. 12, 1976, pp. 74-85.

_______________________. “A propósito da urbanização de favelas”. In: Espaço & Debates, ano 1, n. 2, maio de 1981, pp 5-18.