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Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Simpósio sobre Arquitetura Popular no V ENANPARQ 2018
Igatu / Chapada Diamantina-Ba, 2016.
Espigueiros. Portugal, 2017.
Espigueiros. Portugal, 2017.

A Produção do Território e da Moradia no Quilombo Bom Jesus da Prata

Autor(es): 

Amaro Sérgio Marques

Referência bibliográfica: 

MARQUES, Amaro Sérgio. A Produção do Território e da Moradia no Quilombo Bom Jesus da Prata. 2018. 185 p. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Escola de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018.

Eixos de análise abordados: 
Conceitos e métodos
Território e etnicidade
Dados sobre o autor(es) e obra: 

Amaro Sergio Marques possui Doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG (setembro 2018). Possui Mestrado em Desenvolvimento Social pela Universidade Estadual de Montes Claros- UNIMONTES (2007). Ex-coordenador Adjunto do curso de Arquitetura e Urbanismo das Faculdades Santo Agostinho - FASA, atua como professor das disciplinas de Teoria do Planejamento Urbano, Trabalho Final de Graduação/ Pré- TFG, Arquitetura Brasileira II, Teoria e História da Arquitetura, entre outras. Tem experiência na área de Saúde Pública e Arquitetura Hospitalar, desenvolve pesquisa sobre Arquitetura e Espaços Rurais, Arquitetura e Povos Tradicionais e Minorias Étnicas. Colabora com Grupo de Pesquisa em Comunidades Quilombolas na Bahia em convênio com a UFBA-BA. 
Informações obtidas em: https://www.escavador.com/sobre/7053242/amaro-sergio-marques 

Sumário obra: 

1 INTRODUÇÃO 

2 FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO E DE SEUS CONFLITOS 

3 ESTRUTURA ATUAL DO TERRITÓRIO QUILOMBOLA  

4 ESPAÇOS E NARRATIVAS COMPARTILHADOS  

5 ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E COMUNITÁRIA  

6 MORADIAS E SUA PRODUÇÃO 

7 ENTRE O PROJETO DE AUTONOMIA E A DETERMINAÇÃO EXTERNA  

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS  

REFERÊNCIAS DAS ENTREVISTAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

 

Resumo : 

A tese em questão realiza uma análise etnográfica do Quilombo Bom Jardim da Prata, localizado no norte do estado de Minas Gerais na margem esquerda do rio São Francisco. O autor analisa a localidade com base principalmente em relatos orais da população, usando como apoio a escassa documentação existente que corrobora ou contrapõe os fatos narrados, tentando, assim, compreender a trajetória do território e sua relação com os que nele habitam e se apropriam do seu espaço. Dividido em sete capítulos, o texto se inicia com uma breve contextualização do elemento principal da pesquisa, além da exposição de uma noção básica de etnografia, como o método adotado. Há ainda uma rápida discussão do significado da palavra “quilombo”, e sobre os desdobramentos de luta e pertencimento, mas também de estigmatização do termo. No segundo capítulo, Marques discorre sobre os processos históricos e geográficos que configuraram a formação do Quilombo Bom Jardim da Prata, dando destaque ao rio São Francisco como uma das principais motivações da ocupação territorial. Informa-se ainda sobre o período da ocupação, que teria sido anterior ao ciclo da mineração e à fundação do Estado de Minas Gerais, tendo também o território recebido migrantes negros vindos do Nordeste. A subsistência girava em torno dos ciclos do rio, havendo relatos de mudanças do local habitado a depender do nível das águas: as casas que se encontravam na beira do rio eram deixadas na época das cheias por outras situadas num nível mais alto. Essa dinâmica se processou do século XIX até 1930, quando o quilombo começou a perder parte de suas terras para fazendeiros e sitiantes. Nesse período, a taipa de mão predominava na construção. No capítulo três, o autor faz um relato da estrutura atual do território quilombola, tendo como base um trabalho de campo realizado entre 2015 e 2017. Nesse trecho apresenta uma grande variedade de imagens: mapas do território e de localidades, fotos da conformação de algumas casas e do comércio. O território quilombola se fragmenta ao longo do rio, se dividindo em vilas como: Vila do Porto Velho, Vila do Porto do Meio, São Francisco de Assis e Barreira dos Índios. Essas localidades são cercadas por fazendas e sítios de diversas extensões, que, muitas vezes, tomaram posse de lagoas e vazantes que constituíam fontes de água dos quilombolas, impedindo-os de acessá-las. A área atual do quilombo é, na maior parte, ocupada informalmente. Os sítios que possuem de dois a três hectares são comumente divididos entre mais de uma geração da família, sendo que o quintal é usado de forma coletiva. O lazer na comunidade é associado ao rio, aos bares e ao campo de futebol, que é tratado como um patrimônio público. Marques traz ainda no decorrer deste capítulo a informação de que o quilombo só conta com uma escola, que atende a toda a comunidade. No quarto capítulo são abordadas as manifestações culturais realizadas no espaço e a importância das igrejas católicas construídas no local. As igrejas, usadas nas festividades religiosas, são construções simples, com poucos adornos e sem missas constantes, pois não há padres fixos na comunidade. O autor traz no quinto capítulo uma visão de um dos problemas principais da comunidade: a falta de abastecimento de água. Aborda ainda o fato de que a Associação Quilombola e o início da organização política da comunidade surgiram justamente para reivindicar ações governamentais a este respeito. Em 2005, a associação foi reconhecida pela Fundação Palmares, iniciando-se a luta pelo reconhecimento do território como quilombo. São apresentados então os conflitos internos existentes entre a parte da comunidade que se autodeclara quilombola e os que não reconhecem essa identidade, momento em que o autor reflete sobre as implicações do processo realizado pelo INCRA para posse coletiva das terras pela associação. O capítulo seis, nomeado “Moradias e Sua Produção” aborda a forma de construir dos moradores. Com imagens de plantas baixas e fotos das habitações, o autor menciona as principais características construtivas das moradias, mostrando, em alguns casos, a simbiose entre materiais construtivos mais recentes e tradicionais, além da mudança de disposição dos ambientes encontradas nas construções do Programa Nacional de Habitação Rural, que promove produção ou reforma de imóveis aos agricultores familiares e trabalhadores rurais. No tocante à organização interna das casas, o autor mostra exemplos em que a cozinha é um dos elementos mais importantes, podendo ser tanto utilizada como área de serviço quanto social. Esta é equipada muitas vezes com fogão a lenha, que aparece por vezes em um ambiente à parte construído com taipa de mão, enquanto o restante da casa é feito de tijolos cerâmicos. Outro ambiente que pode aparecer é a tradicional casa de farinha, podendo também ser feita de taipa. As casas possuem o seu quintal, onde são realizados muitos dos serviços domésticos e de produção de alimentos. Já a casa construída pelo PNHR, se configura por um adensamento de edificações próximas no terreno, modificando a implantação no lote normalmente encontrada. O autor descreve ainda algumas casas construídas inteiramente em taipa de mão, porém a população vincula esse tipo de construção à condição financeira precária da família. Há também relatos sobre como as casas podem ser feitas em etapas, devido a este motivo. Por fim, no capítulo sete e nas considerações finais, o autor constata que não pode haver um consenso engessado do que é ou do deve ser um território quilombola, trazendo como argumento a heterogeneidade na formação territorial, os diversos processos de ocupação e de intervenções externas. Marques explicita, por fim, suas expectativas de que a delimitação e o reconhecimento das localidades quilombolas levem em consideração o seu estado atual e não apenas a ideia de um passado fixo.

Data do Preeenchimento: 
sábado, 18 Dezembro, 2021 - 09:00
Pesquisador Responsável: 

Brendha Emilli

Data da revisão: 
terça-feira, 5 Janeiro, 2021 - 13:30
Responsável pela Revisão: 

Marcia Sant'Anna